A influenciadora Laura Sabino, de Ribeirão das Neves, na Grande BH, recusou a participação em uma festa de criança após um pedido assustador da contratante sobre o modo como ela deveria se vestir.
Segundo ela, a mãe do aniversariante pediu que ela usasse blusa de manga longa na caracterização, pois o marido tem histórico de assédio.
Mangas longas
“Esse fim de semana vou animar uma festa com o tema de ‘A pequena Sereia’. Para essa personagem, o buffet tem duas opções: sereia ou humana. Pois a mãe da criança acaba de me ligar falando que vai COMPRAR um vestido de mangas tampado porque o marido dela tem histórico de assédio. Tipo, socorro??”, começa.
A opção de sereia era uma caluda verde, com um top de concha roxa. Na forma humana, a personagem se veste com um vestido longo de mangas bufantes, todo tampado, até os pés. A mãe da criança queria a segundo opção, mas com um acréscimo de mangas longas.
A profissional disse que a cliente havia pedido o contato dela com a equipe do buffet para dar orientações.
“Pensei que ia falar sobre o cuidado com as crianças, alimentação, intolerância à lactose e tal. Era sobre maquiagem, assédio e vestido”, continua.
Ela falou muito tranquila: ‘Vou escolher um vestidinho tampado porque daí vai tampar o colo, a barriga e as pernas. Meu marido teve um caso de safadeza… Tem até denúncia de assédio…’”. A influenciadora completa dizendo estar “super assustada”.
Desistiu do evento
Ao BHAZ, Laura comenta que o trabalho em questão era um freela. “Costumava fazer antes de focar na minha carreira de produtora de conteúdo. Como o cachê oferecido era acima da média, decidi aceitar”, explica.
Ela ainda explica que ficou sem reação durante o telefonema da mãe da criança. “Na hora eu só concordei com ela, falei ‘beleza’. Mas depois que fui refletir mesmo”. A jovem conta que achou tudo muito “estranho” e desistiu de fazer o evento que seria realizado em um domingo.
Repercussão
Nos comentários da publicação, as pessoas mostraram perplexidade com o caso. “Tipo ‘meu marido é assediador, mas vamos cobrir você pra evitar alguma coisa’. Como se assediadores só importunassem mulheres com determinados tipos de roupas. COMO ELA TA CASADA COM ELE SE ELE É ASSIM????”, indagou uma internauta.
Outra pessoa comentou que ela “pelo menos avisou, imagine se não?”. “Outro ponto: existe inúmeros fatores, como ela ser dependente dele ou mesmo ele a agredir. Infelizmente, ficamos de mãos atadas por ela, porém fez o mínimo por outras mulheres, conheço irmãs de assediadores que avisaram a uma namorada deles”.
Um terceiro deu um conselho para a influenciadora. “Pow, Laura, vê se tem como pular essa festa. Assédio não é o tipo de perigo que vale a pena se expor quando você já sabe que tem um assediador”.
Importunação sexual
O crime de importunação sexual, que se tornou lei em 2018, é caracterizado pela realização de ato libidinoso na presença de alguém e sem sua anuência.
O caso mais comum é o assédio sofrido por mulheres em meios de transporte coletivo, como ônibus e metrô. Antes, isso era considerado apenas uma contravenção penal, com pena de multa. Agora, quem praticar o crime poderá pegar de um a 5 anos de prisão.
Onde conseguir ajuda?
Caso você seja vítima de qualquer tipo de violência de gênero ou conheça alguém que precise de ajuda, pode fazer denúncias pelos números 181, 197 ou 190. Além deles, veja alguns outros mecanismos de denúncia:
- Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher
- av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190
- Casa de Referência Tina Martins
- r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221
- Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher)
- r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171
- Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher
- r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380
- Aplicativo MG Mulher: Disponível para download gratuito nos sistemas iOS e Android, o app indica à vítima endereços e telefones dos equipamentos mais próximos de sua localização, que podem auxiliá-la em caso de emergência. O app permite também a criação de uma rede colaborativa de contatos confiáveis que ela pode acionar de forma rápida caso sinta que está em perigo.
Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).
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