A aeronave KC-390 Millennium, com 12 mil litros de água para combater os incêndios no Pantanal, decolou às 11h20 deste sábado (29) para a região do Pantanal, de acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB).
No dia anterior (28), o avião operado pelo Esquadrão Zeus, sediado na Base Aérea de Anápolis, em Goiânia, transportou de Corumbá (MS) também cerca de 12 mil litros de água, no primeiro voo real de combate ao fogo realizado pela FAB com o cargueiro multimissão. A água foi lançada em um dos focos de incêndio identificados pelo Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul.
Para hoje, estão previstos três voos de aproximadamente 35 minutos para o lançamento de 12 mil litros de água cada um. Para aumentar o efeito no combate ao fogo, um produto químico denominado retardante é adicionado à água lançada pelas aeronaves na região.
Diversos órgãos e agências atuam em conjunto na ação de combate ao incêndio no Pantanal. O Corpo de Bombeiros estadual, por exemplo, alimenta duas piscinas que ficam no Aeroporto Internacional de Corumbá e identifica os principais focos de incêndio para que a atuação das aeronaves seja a mais efetiva possível.
Aeronave
No combate aos focos de incêndio no Pantanal, a Aeronáutica utiliza a aeronave multimissão KC-390, desenvolvida pela fabricante brasileira Embraer, que tem capacidade para realizar uma operação segura e equipada com o Sistema Modular Aerotransportável de Combate a Incêndios, do inglês Modular Airborne Fire Fighting System). A ferramenta fornece ao cargueiro a funcionalidade necessária para realizar a ação de combate a incêndio em voo.
O equipamento conta com um tubo que projeta água pela porta traseira esquerda do avião, podendo descarregar até 3 mil galões, aproximadamente 12 mil litros de água em áreas de incêndios, com ou sem retardante de fogo, conforme o critério de nível de cobertura padrão do solo e em diversos tipos de terrenos. O sistema oferece maior precisão, aumentando significativamente a eficácia das operações de combate a incêndios.
As ações levam em conta as adversidades, o que requer um voo a baixa altitude, baixa velocidade e em elevadas temperaturas. Desta forma, é possível manter a aeronave pressurizada, ou seja, sem comprometer a performance do KC-390. Além disso, o reservatório utilizado para fazer o reabastecimento de água na aeronave tem capacidade para 22 mil litros de água.
Estado decretou estado de emergência por causa de incêndios
O Mato Grosso do Sul, Estado que detém a maior porção do bioma, decretou situação de emergência na segunda-feira, 24, devido aos incêndios florestais fora de controle no Pantanal. Há 90 dias as chamas avançam quase sem trégua, devido à seca extrema vivida pela região e à ação humana. O número de focos este ano, até agora, já é 37% maior que os 2.523 focos no mesmo período de 2020, até então o ano com maior registro de queimadas.
Na última quinta-feira, 27, 40 homens e mulheres que integram a Força Nacional chegaram a Corumbá para integrar as equipes de combate ao fogo. Ao todo, foram mobilizados 415 bombeiros para atuar em 13 bases avançadas que foram instaladas para facilitar o acesso aos focos.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Jaime Verruck, a situação da seca e acúmulo de biomassa é pior este ano do que em 2020. “O volume de chuvas está com a menor média dos últimos dez anos e ainda não chegamos na época mais crítica, entre agosto e setembro.”
Ministério Público investiga focos de incêndio
O Ministério Público do Mato Grosso do Sul está usando tecnologias para identificar as áreas onde têm início os focos de incêndio e atuar os proprietários. Entre as ferramentas estão o geoprocessamento e o sensoriamento remoto para identificar os focos no início.
Em ação conjunta com a Polícia Ambiental, o Núcleo de Geotecnologias (Nugleo) do MP já identificou 18 pontos de ignição, que geraram cerca de 56,6 mil hectares de incêndios florestais entre os dias 10 de maio e 23 de junho na região do Pantanal. Os incêndios serão investigados e os autores, se forem identificados, responderão por crime ambiental.
Conforme o promotor de Justiça do Núcleo Ambiental, Luciano Furtado Loubet, em todos os casos, mesmo que não sejam responsáveis pelo início do fogo, os proprietários das áreas terão de recompor os danos ambientais e adotar medidas para evitar novos incêndios.
Conforme o MP, desde a declaração de emergência ambiental no Pantanal, em 9 de abril deste ano, com proibição total do uso do fogo em atividades agrícolas, a região pantaneira em Mato Grosso do Sul já teve queimados 293 mil hectares.
*Com Agência Brasil e Conteúdo Estadão